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quarta-feira, 4 de junho de 2025

“MENSTRUAR NÃO DEVERIA SER MOTIVO DE VERGONHA”, DIZ GINECOLOGISTA SOBRE DESAFIOS ENFRENTADOS POR ADOLESCENTES

A Dra. Ana Paula Fonseca, ginecologista especialista em teens, alerta para os impactos físicos e emocionais da falta de orientação e estrutura adequada durante o período menstrual

No dia 28 de maio, é celebrado o Dia Internacional da Higiene Menstrual, uma data criada para chamar atenção para um tema muitas vezes negligenciado: a pobreza menstrual. No Brasil, essa realidade atinge milhões de meninas que, sem o a produtos de higiene, infraestrutura básica e informação, têm sua saúde e educação comprometidas.

De acordo com dados do UNICEF e do UNFPA, mais de 4 milhões de meninas não têm o a itens mínimos de cuidados menstruais nas escolas, e cerca de 713 mil vivem sem banheiro ou chuveiro em casa. Essa falta de condições leva muitas adolescentes a faltar às aulas durante o período menstrual, o que compromete o desempenho escolar e pode, em casos mais graves, resultar em evasão.

Além disso, a ausência de absorventes e locais apropriados faz com que muitas jovens recorram a alternativas improvisadas, como panos, roupas velhas ou até mesmo miolo de pão — o que aumenta o risco de infecções e outros problemas de saúde.

Para a ginecologista Dra. Ana Paula Fonseca, especialista no atendimento a adolescentes, o problema exige uma abordagem ampla e sensível.

“Menstruar não deveria ser motivo de vergonha ou constrangimento. Quando a adolescente entende o que está acontecendo com o corpo dela, ela se sente mais segura e preparada”, destaca a médica.

Segundo ela, é comum que as meninas cheguem ao consultório com receio e dúvidas básicas.

“É comum meninas chegarem assustadas, sem saber se o que estão vivendo é normal. A falta de orientação gera medo, ansiedade e até vergonha de conversar com os pais ou professores.”

Dra. Ana Paula reforça que a ginecologia tem também um papel educativo essencial.

“Precisamos normalizar a menstruação, falar sobre isso com naturalidade. O atendimento ginecológico deve ser acolhedor, informativo e sem julgamentos.”

Ela também defende que o diálogo seja incentivado nas escolas e dentro de casa.

“Se a menina sente dor, está desconfortável e não encontra espaço para falar sobre isso, algo está muito errado. A escuta ativa e o acolhimento são fundamentais.”

Enquanto iniciativas pontuais de distribuição de absorventes ocorrem em diferentes regiões do país, especialistas ressaltam que a verdadeira mudança virá por meio de educação menstrual contínua, investimento em infraestrutura e combate ao estigma.

“A dignidade menstrual começa com informação. Quando uma menina conhece o próprio corpo, ela se protege, se empodera e se sente respeitada”, conclui a ginecologista.

Autora:

DAIANE BOMBARDA

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