Segundo levantamento da Viva América, houve também uma queda expressiva no número dos vistos de casamento
A embaixada e os consulados dos Estados Unidos no Brasil emitiram 237,8 mil vistos para brasileiros no primeiro trimestre deste ano – uma queda de 19,1% em relação ao mesmo período de 2024. Somente em março, foram 72,1 mil autorizações concedidas – um recuo de 35,1% frente a fevereiro e o segundo consecutivo em 2025. Os dados são de um levantamento da Viva América, assessoria de serviços imigratórios para quem quer estudar, trabalhar ou morar nos Estados Unidos, elaborado com base nos números do Departamento de Estado americano.
Apesar da redução nos três primeiros meses do ano, o Brasil foi o 4° país que mais emitiu vistos americanos no período, ficando atrás apenas de México (711,1 mil), Índia (388,5 mil) e China (285,9 mil).
“A queda se deve, em parte, à base forte de comparação, já que 2024 registrou o segundo maior volume de emissões de vistos para brasileiros na história – reflexo da demanda reprimida pós-pandemia. Em 2025, tem havido uma normalização, seguindo o padrão esperado após um período de pico. Mesmo assim, os números permanecem elevados, superando os volumes pré-pandemia e os de 2022, o que comprova que o interesse do brasileiro pelos EUA segue forte, seja para turismo, negócios ou educação. O país continua sendo um destino prioritário”, é o que diz o CEO da Viva América, Rodrigo Costa.
O visto mais emitido no trimestre foi o B1/B2, popularmente conhecido como visto de turismo, totalizando 226 mil e respondendo por 95% do total de emissões. Em seguida, aparece o visto J-1, de intercâmbio (1,8 mil).
Fuga de cérebros
Durante os meses de janeiro, fevereiro e março, os vistos EB-1 e EB-2, destinados a profissionais acima da média, registraram 525 emissões para brasileiros – um aumento de 6,7% sobre o mesmo período de 2024. Ambos concedem a green card, documento que garante a residência permanente nos EUA.
“Esse aumento é um reflexo do mercado de trabalho americano, que vem registrando um déficit de profissionais especializados em áreas prioritárias. Vistos como o EB-1 e o EB-2, destinado a indivíduos com habilidades extraordinárias, excepcionais e feitos notáveis na carreira, têm apresentado crescimento ano após ano. Muitos brasileiros, principalmente aqueles com ensino superior ou carreiras de destaque, têm buscado oportunidades em empresas americanas, ocasionando assim uma fuga de cérebros”, comenta Costa.
Outro dado relevante é o visto F-1 (para estudos acadêmicos), que registrou 312 emissões em março de 2025, representando um crescimento de 7,2% em comparação ao mesmo mês de 2024. Contudo, quando analisado o primeiro trimestre, observa-se uma redução: foram 771 vistos emitidos neste ano, contra 809 no período equivalente de 2024 (-4,7%). Isso pode ser explicado pela dificuldade de estudantes estrangeiros na obtenção de vistos durante o governo de Donald Trump, que aumentou a fiscalização sobre programas de estudos nos EUA e, inclusive, tem deportado estudantes. “Os jovens ficam com menos vontade de estudar em instituições americanas em razão da política.”
Brasileiros na lavoura
Em 2025, houve um volume inédito no visto H-2A, destinado a trabalhadores estrangeiros que vão desempenhar trabalhos temporários em fazendas e propriedades rurais americanas. Somente em março, totalizou-se 134 emissões, o maior número da história para um único mês desde que a série histórica começou, em 2018.
No acumulado dos três primeiros meses deste ano, foram 246 emissões, uma alta de 39,8% em comparação com o mesmo período de 2024. Para Costa, o motivo deste aumento está relacionado à escassez de mão de obra agrícola nos Estados Unidos, em especial em um contexto em que muitos imigrantes estão sendo deportados ou não estão indo trabalhar com medo de deportação.
“Os americanos não ocupam essas vagas mais braçais do campo, mantendo a dependência de mão de obra estrangeira”, explica o executivo, salientando, porém, que tradicionalmente no mês de março há sempre um pico na contratação de trabalhadores agrícolas nos Estados Unidos em razão do período de colheita.
Queda nos vistos de casamento
Embora 2024 tenha registrado um crescimento expressivo de 33,5% na concessão para brasileiros de vistos K-1 – categoria destinada a estrangeiros que pretendem se casar com cidadãos dos Estados Unidos -, em 2025, as emissões estão indo em direção contrária.
Durante os três primeiros meses do ano, o visto K-1 registrou 110 emissões – uma queda de 65,5% em relação às 319 solicitações no mesmo período de 2024. Essa redução pode estar relacionada ao endurecimento das políticas para green cards por casamento, implementadas pelo governo Trump. Em janeiro de 2025, o presidente americano assinou uma Ordem Executiva que exigia: formulários atualizados (como o I-485), entrevistas presenciais e comprovação financeira detalhada para os noivos que desejam adquirir o documento de entrada.
Países que mais emitiram vistos americanos (jan-março 2025)
1- México: 711.105
2- India: 388.515
3- China: 285.941
4- Brasil: 237.882
5- Colômbia: 165.441
6- Filipinas: 74.815
7- República Dominicana: 67.571
8- Argentina: 62.956
9- Equador: 54.122
10- Peru: 42.651
Vistos americanos mais emitidos para brasileiros (jan-março 2025)
1- B-1/B-2 (negócios e turismo): 226.051
2- J-1 (intercâmbio): 1.869
3- L-2 (dependentes de L-1): 1.396
4- L-1 (abertura de empresas e transferências): 1.077
5- C-1/D (tripulação de navios e aeronaves): 818
6- F-1 (estudo): 771
7- B-1 (negócios): 650
8- A-2 (diplomatas): 604
9- EB-2 (habilidades excepcionais): 502
10- O-1 (habilidades extraordinárias): 340
Sobre a Viva América
A Viva América é uma assessoria imigratória all-in-one oferece todos os serviços para quem deseja viajar a lazer, estudar, trabalhar ou morar permanentemente nos EUA, como: aplicação para todos os vistos americanos, internacionalização de empresas, planejamento contábil e tributário para empresas e pessoas físicas, recolocação profissional, revalidação de diplomas, compra e locação de imóveis, financiamento imobiliário e assessoria educacional para a matrícula em escolas e a obtenção de bolsas de estudo. Mais informações: www.vivaamerica.com.br
Autora:
Letícia Victória