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quarta-feira, 4 de junho de 2025

Entre o caos de um e a paz do outro

Ao deixar Henrique na casa dele, Ana seguiu seu caminho de volta para sua casa e, durante esse trajeto, ficou se perguntando o que a levava ficar com uma pessoa tão complexa e tóxica como ele.

Ana não o amava, mas a paixão que sentia por ele era de longe a mais tórrida que havia sentido em toda sua vida. As lembranças da madrugada anterior a encheu de vaidade e tesão, no sentido literal das palavras mas, faltava cumplicidade. 

Havia muita química, isso era fato, mas Henrique se mostrava sempre disperso e, quando questionado, era evasivo demais. Ana não sabia dizer se era um jogo ou se ele era daquele jeito mesmo. O que ela tinha certeza era de que estava insatisfeita com os encontros esporádicos que tinha com ele, uma vez que ele só a procurava quando encontrava uma brecha na agenda dele, ou seja, ela era a última opção dele. Ao lembrar-se disso, baixou os olhos e se sentiu como uma avestruz enfiando a cara no chão, tentando esconder aquele fato que para ela era nítido.

Ana não conseguia se desvencilhar das investidas de Henrique quando ele a procurava, por mais que soubesse que ela não era a única na vida dele.

Ana se odiava por estar tão apaixonada por ele e por se permitir estar naquela condição de estar sempre de QAP para uma pessoa que despertava tantas sensações nela e ao mesmo tempo a deixava vulnerável demais.

O que ela poderia esperar dele? A resposta veio como um raio: Nada!

Henrique a destruía todas as vezes em que se despedia e o mais estranho daquela relação era que Ana não fazia nada para mudar aquele cenário doloroso para ela.

Quando Ana não estava com ele, lembrava dele tocando-a e desejava ser única para ele, mas, logo em seguida, ela lembrava do olhar frio dele que parecia carregar ódio dentro de si, o que era uma incógnita para Ana. Muitas vezes a rispidez com que ele a tratava fazia com que ela despertasse para aquela cena grotesca que se desenhava à sua frente que a deixava consternada, mas, pacífica como sempre, deixava ar batido aquele tratamento frio que recebia após se relacionar com ele.

Ana, querendo muito se desvencilhar daquela relação, silenciosamente deu um basta. Bloqueou Henrique de seus contatos e limitou-se a viver um dia de cada vez, tentando esquecê-lo a todo custo, por mais que as imagens de seus corpos reacendessem sempre as memórias dos curtos momentos de paixão que viveu com ele.Sofreu horrores, mas se conteve. Até que certa tarde, Ana se pegou stalkeando o perfil dele numa rede social qualquer e, para a surpresa dela, viu que o status dele havia mudado: “Henrique está num relacionamento sério”, dizia a rede social.

Por um momento Ana sentiu uma dor descomunal no peito. Desde que eles se envolveram, há mais de dois anos, ele nunca havia alterado o seu status, mas havia chegado o momento mais doloroso para ela de testemunhar que sua grande paixão estava, de fato, havia oficializado um relacionando sério com outra mulher e, pelo jeito, pareciam estar super apaixonados um pelo outro.

Por mais que Ana tivesse tomado a decisão de sair daquela relação tóxica que só fazia mal a ela, Ana ainda sentia falta daquele homem que tanto a fizera sofrer psicologicamente.

Percebendo que o que sentia por Henrique era nada mais nada menos que uma co-dependência emocional realmente tóxica, procurou terapia e foi se curando paulatinamente e, quando emergiu, sentiu-se novamente viva para novos relacionamentos. 

Mas, desta vez, Ana não teve mais pressa. Ela queria viver em lua de mel consigo mesma e desfrutar de sua própria companhia por tempo indeterminado e foi isso que ela fez. Ocupando seu tempo com viagens, se permitiu conhecer outras formas que despertaram nela a vontade de viver e, após ficar em stand by por mais de quatro anos, encontrou outra grande paixão que a fez compreender o real significado de uma relação sadia e que realmente valesse a pena investir seu precioso tempo. João era o oposto de Henrique: presente, olhar terno que deixava claro o tempo todo que estava disposto a viver uma grande paixão ao lado de Ana; emotivo e apaixonado, mas ao mesmo tempo seguro de si, era o homem que Ana desejou ter sempre ao seu lado e, quando percebeu, estava no altar dizendo sim à sua doce e linda paixão que o Universo havia encomendado sob medida para ela, deixando no ado um sentimento de gratidão por ter ado pelo dissabor de ter conhecido Henrique e ter tido o privilégio de conhecer alguém verdadeiramente especial como João.

Autora:

Patricia Lopes dos Santos

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